O "Sol Sangra" integra o conjunto de 55 documentários produzidos em 2009 pelo programa DOCTV IV, Programa de Teledifusão do Documentário Brasileiro.

O sol sangra é um documentário que busca se aproximar das memórias de personagens que circulam pela Estrada de Ferro Carajás, que liga os estados do Maranhão e Pará. O ritmo da viagem no trem estabelece o tempo em que essas subjetividades são reveladas, em meio à paisagem da fronteira entre esses dois estados que une histórias em movimento.

O trem no filme funciona como uma metáfora da vida e do tempo. Por ele seguem viajantes que olham para a janela do mundo e sonham com coisas próximas, com coisas distantes, com o que já passou e com o que está adiante.
Fotografar, filmar, registrar essas múltiplas realidades é aceitar o desafio de se deixar levar por uma fronteira real e imaginária. É se deixar conduzir por um tempo que não é somente o tempo do presente, mas é um tempo carregado do passado e sugestionado pela necessidade do futuro. É estar aberto para as realidades “invisíveis” que as pessoas trazem dentro de si. Como diz Roland Barthes, “uma foto é sempre invisível: não é ela que vemos”. Enxergar esses outros mundos dentro das imagens é um exercício de desprendimento da imposição da nossa forma de ver o mundo para aceitar outras formas de ver e estar no mundo.
O trem guarda na sua trajetória material os traços, os registros daqueles que passaram por ele, inclusive os traços da própria cineasta que se propõe nesse filme a também revelar um pouco das suas memórias relacionadas ao trem ou desencadeadas pela situação de viajar no trem, sendo uma das personagens enfocados no trabalho.
O “Sol Sangra” se compõe de narrativas sustentadas por paisagens imaginárias e memórias incrustadas nas experiências de vida, sendo um exercício de entrada na janela das ficções que formam a realidade.

A equipe principal do filme foi composta pelos irmãos Val Barros e José Barros Filho e pelo músico Moisés Ferreira. Essa foi a primeira incursão dos três na área cinematográfica.

Seqüências realizadas na locação de Capinzal do Norte, onde foram filmadas as cenas do “Fotógrafo Gabriel”, “O Caçador Cego”, “Casa de Uda” e “O Violeiro”.

Percorrer os caminhos do trem de Carajás é encontrar um passaporte para a busca do olhar e da memória. O olhar dos que viajam nesse trem é um olhar de procura, de anseios, de desejos.
Na geografia da memória o trem estabelece uma fronteira, é um lugar de passagem para outros lugares, uma cápsula do tempo que permite várias viagens dentro da viagem. No longo trajeto que atravessa o Maranhão e o Pará, em 892 km, o trem transporta pessoas, histórias, costumes, gestos. Traços que indicam um modo de vida, sussurros que denunciam falas que se expõem e falas aparentemente invisíveis.

Na fase de preparação a confecção de um storyboard, prevendo enquadramentos, cenários, figurinos, locações e luzes, foi fundamental para se “construir” a atmosfera do filme.

José de Barros Neto, pai da diretora e do produtor do filme, tem um dos seus fragmentos de memória encenados: a primeira vez em que viu o seu pai, que era tropeiro no sertão do Ceará, partindo.

Dora, que trabalha na beira da Estrada de Ferro Carajás vendendo bandecos, empresta suas memórias em uma das cenas do filme revivendo o dia em que caminhou vestida de noiva ao encontro daquele que seria o seu futuro marido.

Luzia Assunção, caixeira do Divino Espírito Santo gravando em estúdio o toque de alvorada do divino que sugeriu o título do filme.

Trilha sonora original composta e executada por Moisés Ferreira e Guilherme Raposo. As composições foram gravadas no estúdio particular de Guilherme Raposo, em abril de 2009, na ilha de São Luís, Maranhão.

Argumento, Direção e Fotografia
Val Barros

Som Direto
Moisés Ferreira

Produção Executiva e Direção de Produção
José Barros Filho

Direção de Arte
Edgar Rocha

Montagem
Val Barros
Moisés Ferreira
Fred Benevides

Trilha Sonora
Moisés Ferreira e Guilherme Raposo

Elenco
Maria de Deus Barros
Rosilândia Rodrigues Sodré
Bruna de Jesus França
Raquel Campos
Maria Francisca Sousa da Conceição
Francisca Pereira Saraiva
Lucília da Silva Gomes
Gabriel Gomes da Silva
José de Barros Neto
Marcos Vinicius Campos
Francisco de Assis Firmino de Sousa
Maria de Lourdes Duarte Costa
Moisés Ferreira
Val Barros

Still e making of
José Barros Filho
Nael Reis

Story Board
Edgar Rocha